quinta-feira, 22 de junho de 2017

Homem de Farda - Prince Áddamo



Homem de Farda é uma canção de Prince Áddamo gravada em seu primeiro disco solo Viva o Natural (2013). Ela foi escrita como uma resposta do cantor à marginalização que a sociedade condena aqueles que assumem a sua identidade, em especial ao papel que a polícia desempenha nas tentativas de condicionamento social. “Quando comecei a criar cabelo e comprei meu primeiro gorro - com as cores verde, amarelo e vermelho - a notícia começou a correr na cidade (Camacã) e minha avó pedia a minha mãe que eu parasse de usar a touca porque as pessoas já estavam dizendo que eu era maconheiro”, relata Prince.



No caso de Prince a identidade veio por meio da música reggae e da filosofia rastáfari. Em uma cidade de 30 mil habitantes, ele era um dos únicos a usar dreadlocks. E a covardia costuma fazer uso da força contra os mais fracos: Prince estava trabalhando quando foi vítima de sua primeira abordagem policial. “Pra mim foi um choque. Eu era um adolescente, mas aquilo ficou marcado. Anos se passaram e aí percebi o quanto a música revela aquilo que vivemos. Foi quando decidi me expressar sobre este fato, que na verdade é ampliado para todas as pessoas que trazem seus dreads, sua pele, sua música”, explica Prince.


Nos shows a resposta do público a “Homem de Farda” é imediata. Ao vivo a reflexão é ampliada com o pronunciamento de Prince em meio a uma atmosfera musical dub: “por que será que a porta do banco trava quando eu passo? Por que será? Na minha cintura eu não trago aço”. São versos que geram identidade nas pessoas diariamente constrangida pelas autoridades.“É o tipo de tema que você para e pensa: até quando teremos que escrever essas coisas? quando o estado vai parar de oprimir o seu povo? Não quero ofender a corporação, quero mostrar que a sociedade clama por justiça e que, muitas vezes, o próprio homem de farda é oprimido por quem está ocupando um cargo superior”, reflete o cantor.

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