domingo, 30 de julho de 2017

Brisa - Manuel Bandeira/Paquito

Os versos de Brisa - poema de Manoel Bandeira - foram musicados pelo compositor Paquito, estabelecendo assim uma parceria póstuma. "Eu sempre me identifiquei com esse poema do Bandeira, gosto muito da expressão 'viver de brisa' que às vezes é até utilizada como uma recriminação. No poema ganha essa conotação positiva: viver de brisa é bacana, ter uma doce vida, preguiçosa, curtidora", explica Paquito. 
A primeira gravação de Brisa foi feita por Maria Bethânia no disco Âmbar (1996). Paquito lembra que ela foi escolhida dentre cinco canções enviadas para a cantora em uma fita cassete. "Essa música tem um significado muito grande pra mim: pela graça de ter uma canção gravada por Bethânia e por ser justamente uma música em sintonia com o aspecto de nordestinidade que ela representa na cultura brasileira", agradece o compositor. 

Uma curiosidade é que Brisa foi escrita sem o uso do violão, instrumento íntimo de Paquito. Ele cantarolou diretamente do livro, em uma leitura musical do poema. O compositor acredita que este processo foi o responsável por trazer à tona elementos nordestinos de sua musicalidade, aspectos notáveis no arranjo da gravação feito para o seu disco Falso Baiano (2002). "Essa é uma ancestralidade que me é muito cara, ela sai de mim sem que eu pense muito. A brisa é um vento leve, esse que nos sussura ao ouvido", reflete Paquito.
                                    Foto: Sora Maia
Na interpretação do próprio autor a canção se revela uma brisa bem receptiva, que se permite receber no baião uma citação de The Inner Light - canção de George Harrison lançada pelos Beatles, tocada apenas por músicos hindusFrequentador dos bons ares da praia do Porto da Barra, quando questionado se vive de brisa, Paquito sentencia: "Tem tudo haver comigo. Eu não vivo de brisa, eu quero viver de brisa. Agora enquanto eu puder sorvê-la, seguirei sorvendo".



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