Eram três da tarde do dia 10 de fevereiro de 1965 quando um telegrama do Ministério da Aeronáutica chega aos escritórios da Panair do Brasil informando que o certificado de operação da empresa estava sendo cassado. A Panair era a maior empresa aérea do Brasil e uma das maiores do mundo. Naquela mesma noite, diversas tropas invadiram os hangares da empresa e passaram imediatamente ao comando da Varig. O curioso é que não havia nenhuma irregularidade nos impostos da empresa e mesmo assim a decisão do fechamento foi decretada pelo Marechal Castelo Branco.
Para explicar tal absurdo, entra em cena Mário Wallace Simonsen - um dos homens mais ricos do Brasil na época. Simonsen era o principal sócio da Panair e dono de inúmeras empresas, dentre elas, a TV Excelsior. Normalmente, grandes magnatas possuem boa relação com os detentores do poder, mas, no caso de Simonsen, a relação com os militares não era nem um pouco amistosa - querela que já vinha de antes mesmo do golpe. Mesmo não sendo um simpatizante da esquerda, suas pequenas atitudes em defesa da legalidade e da democracia brasileira acabariam causando a fúria dos militares e a sua própria ruína.
Em 1961, durante a tensão política que acabou resultando na renúncia de Jânio Quadros, enquanto os militares estavam prontos para tomar o poder, Simonsen mandou um de seus executivos para avisar ao vice-presidente João Goulart do que estava se passando no Brasil. Em viagem oficial a China, Jango corria o risco de voltar ao Brasil e se encontrar destituído do cargo que lhe era de direito.
Bastou um ano de governo militar para Simonsen ver o seu grupo empresarial desmoronar. A "falência" da Panair até hoje não foi reparada devidamente, assim como todos os demais crimes da Ditadura. Um mês após o fechamento da empresa, Simonsen faleceu, vítima de infarto. A TV Excelsior, a única que era opositora ao Regime Militar, começou a sofre pressões e ter seus programas censurados, entrando numa crise econômica que se agravou após o "incêndio" da sua sede, em 1989, fechando as portas em 1970.
Como é possível perceber, sentir saudades da Panair, como indicava a canção de Milton e Fernando Brant, não era algo bem visto pelas altas instâncias do poder ditatorial que regeu o Brasil de 1964 à 1985. Sentir saudade da Panair era sentir saudades de um tempo em que era permitido sonhar, de um tempo em que era permitido sentir saudades. Era lembrar que a maior das maravilhas era estar voando sobre o mundo nas asas da Panair.
Para que não mais se repita!!!
Para que não mais aconteça!!!
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